
Teorema do Encontro
No silêncio entre as letras,
uma equação de melodia:
o amor é um símbolo não dito
que se expande em geometria.
Sejam X o véu do olhar,
Y o instante suspenso no ar —
a prova se faz no intervalo
onde os corpos são variáveis
a buscar um denominador comum.
(Integral do tempo: ∫ de toque + ∫ de verso
ao longo do ∞ que nos liga o universo.)
Hipótese: dois lábios que não se declaram,
mas somam-se em segredo,
como raízes de um mesmo polinómio.
Lema do desejo: todo ângulo obtuso
pode ser retificado pelo abraço.
E quando as palavras fogem ao dicionário,
resta o corpo-esboço,
figura irracional,
que resolve a incógnita do afeto
com um “π” de aproximações infinitas.
Q.E.D.
— Quod Erat Desideratum —
Na margem do texto,
risco-te o coração:
A união de dois vazios
preenche o teorema da existência.
fevereiro 2025
©Júlio Miranda

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