
Teorema da Serenidade
Hipótese:
Seja S a luz que repousa
sobre a pálpebra das coisas:
o rio, a pedra, o ramo que não apressa
seu verde.
Definição 1:
Serenidade é a função contínua
que mapeia o vento em números inteiros,
cuja derivada é zero
nas curvas do joelho dobrado.
Axioma do Silêncio:
Toda equação do mar
admite uma solução em areia.
(Basta que a onda se despeça
sem nome.)
Proposição 1:
O conjunto dos instantes em que a brisa
toca o ombro da tarde
é um espaço métrico completo.
(Demonstração: observe os lírios.)
Lema da Pedra:
Mesmo sob a pressão das nuvens,
o granito não prova sua dureza —
apenas existe,
como um teorema sem palavras.
Corolário do Respirar:
Se o peito é um intervalo aberto
entre o que se perde e o que se cala,
então o pulmão converge
para a raiz quadrada do azul.
Teorema Final (Existência do Equilíbrio):
Há um ponto fixo no centro do girassol
onde todas as coordenadas se dissolvem
em eixos de sombra e mel.
(Condição necessária: esquecer a prova.)
C.Q.S.:
Cantes que a mente,
Quebre-se o verso,
Sobram apenas pedras e o verbo ser*.*
março 2025
©Júlio Miranda

Ir para lista das páginas do Site com links
Deixe um comentário