
Teorema da Ansiedade
Hipótese:
Seja A um conjunto infinito de instantes,
onde cada elemento é um vértice de dúvida,
e o corpo, um espaço métrico que se contrai
em raízes quadradas de silêncio.
Definição 1:
Chamamos Ansiedade a uma função f: A → ℝ
que mapeia o futuro em escalares de tremor,
cujo limite, quando t tende ao agora,
é sempre uma indeterminação do tipo 0/0.
Proposição 1:
Em todo intervalo aberto entre a respiração e o colapso,
existe uma sequência de pensamentos {xₙ} divergente,
cuja soma dos termos é um número irracional,
provando que a certeza é um conjunto de medida nula.
Demonstração:
Suponha, por absurdo, que o medo é enumerável.
Então, para cada batida do relógio-cardíaco,
haveria uma bijeção com os naturais.
Mas o suor é uma série não convergente,
e os dedos que contam as estrelas no escuro
são funções descontínuas, quebrando
a topologia do possível.
Lema do Desassossego:
O fecho de um suspiro nunca é compacto.
Mesmo sob a cobertura mais fina de calmantes,
há subdivisões de angústia que escapam
como integrais mal resolvidas.
Corolário do Vazio:
Se A é um anel de tensões não nulas,
então o produto das incertezas é maior ou igual
a ħ/2, onde ħ é a constante de desespero.
Teorema Final (Recíproca da Esperança):
Ainda que a mente seja um plano complexo
e o amanhã, uma variável não separável,
existe um aberto denso em A
onde a função f admite uma extensão contínua
— desde que se redefina o domínio
como a interseção de todos os “eus” possíveis
sob a norma do próprio abraço.
C.Q.D.:
Convergimos, quase sempre,
para um ponto fixo de caos.
março 2025
©Júlio Miranda

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