
Tempestade de Pétalas no Teu Quarto
Despem-se as rosas à janela
enquanto o vento de abril sussurra segredos.
Num rodopio suave, carmim e marfim
invadem o silêncio do teu quarto.
As pétalas dançam no ar,
efémeras bailarinas em êxtase,
tocam o chão como beijos caídos,
cobrem os lençóis como memórias dispersas.
Tempestade gentil que não destrói,
mas reconstrói os sentidos.
O perfume embriaga o espaço
onde guardas os sonhos por sonhar.
Entre as frestas da madeira antiga,
pétalas escondem-se como confissões.
Hão de ser descobertas quando o verão chegar
e com ele as novas flores que ainda não nasceram.
No teu quarto agora transformado em jardim,
deitas-te sobre este manto aveludado.
A tempestade acalma, mas permanece em ti
esse aroma doce de um abril que não acaba.
© maio 2025
Julio Miranda

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