
Sombras na Maré
As sombras do ontem não desvanecem —
são fantasmas que o vento traz,
e em meu peito, frio que aquece,
tua voz na brisa diz e desdiz.
Ardo em chamas que a noite esconde,
persigo ecos na espuma a fugir.
O coração, maré que responde,
grita teu nome… mas só sabe ferir.
Ondas quebram na praia, mudas,
levam segredos que o tempo não ouve.
Fecho os olhos: sonhos são escadas
para onde teus passos na areia se movem.
O vento escreve, a areia apaga,
teu nome é fogo que o abraço estanca.
E enquanto a dor no peito se alonga,
o mar devolve a luz que na areia branca. Nas pregas do tempo, restam brasas:
o que o ontem queimou, hoje cala.
E mesmo assim, na vaga que se rasga,
teu riso é espuma… que a noite espalha.
abril 2025
©Júlio Miranda

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