O Verbo Amar em Chamas

Entre as labaredas do tempo incerto,
O verbo amar não se conjuga em versos:
Arde sem roteiro, desata o laço aberto,
Na carne viva onde o desejo é imerso.

É faísca primeiro — um sopro breve
Que os lábios tímidos não ousaram nomear.
Depois, vulcão que rompe a crosta frágil,
Lava de encontros a transbordar.

Queima nas pontas dos dedos cegos,
Na boca que silencia o grito mudo,
No peito que se abre em fogo cruzado,
Amando o mundo inteiro — em tudo.

Mas o amor, fénix de cinzas dúbias,
Renasce em brasas sob o mesmo chão.
E mesmo extinto, ecoa nas pupilas:
Verbo que é chama, eterna combustão.

maio 2025
© Julio Miranda

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