O Que Sussurrou o Espelho

No fundo do vidro, onde a prata respira,
um murmúrio antigo desfia a mentira:
“Quem busca meu rosto não vê o que sou,
sou o eco do tempo que em você ficou.”

Entre névoas e luz, figuras dançam,
sombras de histórias que o mundo não alcança.
“Guardei teus segredos, teus medos sem nome,
as máscaras que vestes quando a noite consome.”

Fala o espelho em silêncio, língua de cristal,
revela o abismo onde o humano é mortal:
“Teu reflexo é um rio, fluido e fugaz,
um retrato que quebra se ousas ver além mais.”

Mas quem ouve o sussurro, quem desata o véu,
descobre que o espelho é janela do céu:
nele habita a verdade que a alma não cala —
o infinito que existe quando a matéria se iguala.

maio 2025
© Julio Miranda

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