
O Que É Amado Não Morre
Chama que não se apaga,
Faz ninho no silêncio —
Vaga no ar, serena e viva,
A luz do que foi intenso.
Canta no peito um pássaro
De asas invisíveis,
Feito de tempo e ausência,
Melodia impossível.
As estações desfolham
A árvore da existência,
Mas fica a raiz intacta:
Raiz de eterna seiva, semente.
Na sombra ou no distante,
Onde o adeus não chega,
Há uma voz que na lembrança
Tece asas e navega.
Amor é semente enterrada
No solo do que se guarda:
Fruto que o vento leva,
Mas a essência fica e arde.
O que é amado não morre —
Faz ninho na lembrança.
E canta dentro.
abril 2025
©Júlio Miranda

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