Nó de Ausência

Teu nó na garganta
é espelho do meu:
fio de ausência
que nos enforca.

O silêncio gelou-te
para ouvires o vento
do coração —
sussurros roubados,
segredos em pó
sob anos,
sob marés.

Tua vida:
ondas que sobem,
ondas que tombam.
Montanha-russa
(assim se chama o jogo).
Vive.

O afago que te dei
virou cinza no ar.
Amo-te em surdina,
amor sem voz,
eco de um rio
que não seca.

Encontraste porto
no colo do outro.
Eu, sombra quieta,
guardo o adeus
entre dentes:
“Voa.
Leva a paz.
(Deixo-te luz.)”

abril 2025
©Júlio Miranda

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