
Musa ou Ilusão de Ótica
Chegaste como um verso que a luz desenha,
metade fogo, metade sombra incerta —
serás o mapa ou a névoa que me guia?
Musa ou ilusão que o desejo liberta?
Teu toque é pó de estrelas na pele fria,
teu nome, um eco que o vento desacerta.
Se te alcanço, desfaz-se a geometria:
és prisma, és luz que se quebra na descoberta.
Na curva do teu olho, um labirinto:
miragem do deserto, espelho de água frágil.
Invento mundos onde teu riso pinto,
mas a tinta é feita de névoa e sonho ágil.
Que importa se és real ou só projeção?
Canto ao vazio, e ele me devolve a voz.
No escuro, traço constelações de paixão —
musa ou fantasma, és verso que em mim fez luz.
abril 2025
© Julio Miranda

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