Incêndio na Alma

Não foi faísca súbita,
nem raio no sereno.
Foi brasa antiga, adormecida,
soprada por teu hálito ameno.

Teu olhar — lenha seca,
tua voz — vento quente.
Minhas defesas, frágeis telhas,
sucumbiram, de repente.

Chamas dançam nas veias,
azul e dourado o lume.
Teu nome, um canto nas fogueiras,
queima as horas de costume.

Beijos — labaredas que se entrelaçam,
Suor — óleo sobre as chamas.
Nossos corpos, torres a arder,
lançam sombras de paixões inflamadas.

Queimam-se medos antigos,
ilusões, cascas vãs.
No crisol deste fogo amigo,
fundem-se duas almas iguais.

Não há água que apague
este incêndio consentido.
Arde mais que a simples chama:
É fogo de amor, vivido. E quando as labaredas baixarem,
quando o clarão se contiver,
ficará o calor constante
nas cinzas do querer.

junho 2025
© Julio Miranda

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