
Incêndio de Primavera nos Teus Olhos
Há labaredas suaves que dançam
Na íris castanha que o sol ilumina,
São fagulhas douradas que avançam
Como flores de fogo em campina.
Quando olhas assim, tão de perto,
Sinto o peito arder em brasa viva,
Como se o mundo, outrora deserto,
Fosse agora floresta de chama ativa.
A primavera incendeia-se em ti,
Nas pupilas que guardam segredos,
Num olhar que me prende a si
E desfaz todos os meus medos.
Há um fogo que não queima, mas aquece,
Nas pétalas do teu olhar ardente,
É chama que em mim permanece
Como brisa de Abril, persistente.
Esta paixão é incêndio controlado
Que renova a terra do meu ser,
Um fogo manso, bem temperado,
Que me ensina, de novo, a florescer.
E se as cinzas um dia caírem,
Sobre o chão dos dias passados,
Os rebentos verdes hão de surgir
Dos nossos olhares apaixonados.
Porque o fogo que arde em ti
É princípio, não é o fim,
É vida que se renova aqui,
É amor que floresce assim.
maio 2025
© Julio Miranda

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