
Grafias do Amor em Verso
Em cada letra que o tempo não apaga,
o amor se faz tinta, verso, chama vaga.
Na curva do “S” onde os abraços moram,
rios de encontros que os mapas ignoram.
No “F” que incendeia silêncios calados,
labirintos de pele, suspiros queimados.
A vírgula é pausa, é desejo em suspenso —
um beijo roubado ao tempo, sempre intenso.
O “A” é jardim, raiz que não desfolha,
terra húmida de versos que a saudade colhe.
No “O”, lua cheia, cicatriz circular,
eternidade que cabe num olhar.
Mas há amor sem grafia, sem nome ou desenho:
outono que dança em folhas de outrora,
no espaço entre estrelas que a escuridão devora,
no silêncio que tece, no verso que se sonha.
E se um dia as letras se perderem no vento,
o amor será a ausência, o traço não escrito —
o pulso do mundo, em verso infinito.
abril 2025
© Julio Miranda

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