
Flor do Meu Desejo Selvagem
Nas raízes da noite, te encontrei:
pétalas de fogo, espinhos de cetim.
Teu nome era um segredo que invadiu
meus ossos, feito chuva em terra árida.
Não eras rosa, nem lírio, nem jasmim —
eras a planta que o outono não doma,
o aroma que incendia a névoa fria,
o caule que desafia a lua vazia.
Teu centro, um labirinto de fulgor,
guardava o mel que os deuses proibiram:
beberei até que o tempo me devore,
até que meus lábios sejam história.
Flor do meu desejo selvagem,
rasga a carne do silêncio,
entrelaça-te em meu sangue —
mesmo que, ao amanhecer,
teu corpo vire cinza,
eu carregarei teus espinhos
como um mapa do infinito.
maio 2025
© Julio Miranda

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