
FIM
Levo na alma a noite que não cessa,
Uma sombra que o tempo não apagou.
Neste mundo de espinhos, minha prece
Foi um verso que ninguém escutou.
Não há estrelas para quem se perde
Entre ruínas de afetos desfeitos.
Sou um nome que o vento desfere,
Uma flor que murchou no asfalto estreito.
Despeço-me dos dias sem sentido,
Das mãos que me viraram a face fria.
Levo o silêncio de um amor perdido,
E a cicatriz de uma melancolia.
Não levo mágoa, apenas um suspiro:
O mar engole o que o destino errou.
Minha história se apaga num retiro,
Onde a luz que me falta repousou.
Adeus, oh mundo que jamais foi meu,
Nos teus braços nenhum porto achei.
Sou cinza ao vento, um eco quase impercetível…
Obrigado por nada. É o fim. Descansei.
abril 2025
© Julio Miranda

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