
Êxtase em Cada Encontro
Entre sombras que dançam na luz do desejo,
cada encontro é um fogo que o tempo não apaga:
labaredas de instantes que o silêncio revela,
corpos feitos de véus que o vento despedaça.
Tua mão é um tremor que desenha o infinito,
meu olhar, um espelho onde o mundo se alonga.
Na pele, o mapa antigo de um rio desconhecido,
e na boca, o segredo de uma língua que afoga.
Somos dois corcéis no campo da vertigem,
galopando em direção ao abismo do agora.
Cada toque, um sismo que rasga a geografia,
cada sussurro, um nó na corda que ignora.
O relógio desfaz-se em grãos de areia louca,
o presente, um vértice onde os deuses se escondem.
No teu sopro, a semente de um universo em chamas,
no meu peito, o eclipse que os anjos respondem.
Êxtase: navegante de um mar sem horizonte,
onde a alma se perde para se reencontrar.
Cada encontro, um verso escrito em brasa viva,
cada adeus, um portal para voltar a sonhar.
E assim, na dança breve do efêmero e do eterno,
criamos um cântico que a noite não consome.
Pois em cada colisão de respiração e medo,
nasce um novo começo — e o êxtase renasce,
tatuando a pele do tempo com nosso nome.
maio 2025
© Julio Miranda

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