
Coração em Frequência Máxima
Começou devagar:
Um tropeço no ritmo,
Um contratempo
Entre um passo e outro.
Depois, a Alegria —
Não sorriso, mas choque —
Um curto-circuito de asas
Dentro da aurícula esquerda.
Sístole? Diástole?
Já não sei:
Só sinto o bater de asas
De um pássaro que descobriu
Que a gaiola era ilusão.
Coração em frequência máxima,
Afinado não para sobreviver,
Mas para viver demais.
Veio o Amor,
Não como acalmar,
Mas como ressonância.
Dois diapasões de carne
A vibrar na mesma nota.
Teu peito, caixa de música;
Meu peito, corda solta
Aprendendo a ser harpa.
Não é paz:
É terramoto afinado,
Onde cada abalo
Canta o teu nome
Nas falhas do meu solo.
Mãos que escutam
Pulsações através da pele —
Traduzindo o código Morse
Do sangue acelerado.
Coração em frequência máxima,
Teclando mensagens
Em código de fogo.
Paixão?
Foi quando o ritmo
Virou tambor de guerra
No templo do corpo.
Bumbo selvagem
Martelando contra as costelas,
Exigindo mais ar, mais vida,
mais agora, mais tudo.
Sangue não corre —
Dança.
Veias não transportam —
Incendeiam.
E o gozo?
Um colapso controlado
Da física cardíaca:
Breve silêncio
(O universo prendendo o ar)
Antes da explosão em staccato
Que refaz o mapa
Das artérias.
Coração em frequência máxima
Não como perigo,
Mas como última fronteira
Do corpo que ousa
Ser mais que carne:
Chama ambulante.
E se parar?
Ah, não para.
Apenas muda de linguagem.
Vira zumbido de abelha
No pulso tranquilo,
Vira maré noturna
Na praia das têmporas.
Porque este coração
Agora sabe
Que frequência máxima
Não é emergência —
É estado de graça.
É a Alegria soprando brasas,
O Amor abanando o fogo,
A Paixão soprando a chama.
Três deuses
Brincando com o risco
Na forja do peito.
Coração em frequência máxima:
Sinal não de medo,
Mas de alegria incontrolável
De estar vivo —
E ter encontrado em ti
O condutor perfeito
Desta eletricidade sagrada
Que os gregos chamavam
Élan vital,
E nós chamamos
Razão de ser.
junho 2025
© Julio Miranda

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