Cicatrizes de um Juramento Quebrado

Palavras ao vento lançadas,
Como folhas de outono caídas,
Promessas em névoa seladas,
Agora jazem esquecidas.

Nas palmas das minhas mãos,
Riscos invisíveis aos olhares,
Linhas que traçam traições,
Mapas de antigos pesares.

O tempo, esse mestre silente,
Não apaga o que foi gravado,
Na alma que sofre e sente
O peso de um juramento quebrado.

Ergui altares à tua palavra,
Construí castelos sobre areia,
Enquanto o destino lavrava
A sentença que me algemia.

De que vale um “para sempre”
Que não resistiu ao amanhã?
Juramentos que se desmembram
Como espuma sobre a manhã.

Estas cicatrizes que carrego,
Não são feitas de carne e osso,
São memórias que não entrego,
São dores que ainda não posso.

E ainda assim, neste peito,
Onde a mágoa fez morada,
Guardo com estranho respeito
Uma fé quase enterrada.

Porque as marcas que levamos
Não são apenas lembranças de dor,
São provas de que amamos
Com verdade, entrega e fervor.

E um dia, quem sabe, talvez,
Estas cicatrizes que hoje ardem,
Serão apenas histórias de uma vez,
De um tempo que já não me invade.

abril 2025
© Julio Miranda

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

0
Would love your thoughts, please comment.x
Verified by MonsterInsights