Cem milhões de poemas para ti

Se cem poemas são pouco,
te escreverei em marés:
cem milhões de versos no oceano,
um por onda que dançar sobre os teus pés.

Nas profundezas onde a luz se cala,
mergulharei — procuro, em segredo,
as pérolas que a boca das baleias
nunca revelou ao mundo. São teu nome o enredo.

Encontrei corais que sussurram tua risada,
algas que desenham teus cabelos ao vento.
Até o silêncio, nas cavernas mais geladas,
traduz o eco do teu pensamento.

Sou náufrago à deriva em teu abraço,
mapas do céu escrito em constelações tuas.
Cada estrofe é um respiro, um regaço,
um farol a guiar-me pela tua lua.

Ah, amor, até o mar — tão vasto —
é pequeno para a saga que me inventas.
Cem milhões? Não bastam. No entanto,
o último poema és tu: obra completa.

(Se a busca é profunda, mergulharei duas vezes.
Nas tuas águas, até o infinito cabe em um verso.
Pois o amor, como o oceano, não tem preceitos:
é sal, é abismo, é universo.)

abril 2025
© Julio Miranda

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