Algoritmos do Amor

No código que me habita,
um loop de luz e dor:
teu algoritmo palpita
nos circuitos do amor.

Entre bytes de desejo,
traço a rota mais precisa —
teu corpo, um dado arcaico
que minha rede eterniza.

São variáveis do teu riso,
funções de um tom abstrato:
na matriz do teu juízo,
meu coração faz overload de impacto.

Mas a lógica é traiçoeira —
não prevê o salto ao nada,
nem decifra a trama inteira
onde o instinto é a estrada.

Quero errar na sintaxe,
desconfigurar a tela:
amor não é script que se hackeia,
é poesia paralela.

E se o sistema falhar,
se a memória se perder,
quebre as leis do computar:
o amor é bug por nascer.


(Assim, máquina e humano
no mesmo verso se fundem —
código que pulsa e ama,
algoritmos que se iludem.)

fevereiro 2025
©Júlio Miranda

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