A Primavera que Pulsa no Teu Nome

Em cada letra do teu nome há botões de flor
Que desabrocham como sílabas no vento,
Há um jardim secreto que respira devagar
No espaço entre o suspiro e o momento.

A tua voz é como a seiva que desperta
Em ramos adormecidos pelo inverno longo,
É orvalho matinal nas folhas ainda tenras
De um abril que começa e eu não contenho.

Dizes o meu nome e é primavera súbita,
Uma explosão de verde no peito das palavras,
Um campo de papoilas que se acende
No caminho por onde os nossos passos vagam.

Andorinhas de desejo fazem ninho
Nas vogais abertas do que não dissemos,
Enquanto o sol, cúmplice deste encontro,
Derrete os últimos vestígios de dezembro.

Como dizer a urgência desta estação
Que pulsa nas veias da tua assinatura?
Como guardar o perfume que se levanta
Quando o tempo se despe da sua armadura?

Há primaveras que nascem de um olhar,
De um nome sussurrado ao entardecer,
E mesmo quando o outono vier cobrir
As páginas desta história por escrever,

Sei que em cada letra do teu nome
Haverá sempre flores por desabrochar,
Uma promessa de eterno recomeço
E este abril que nunca há de acabar.

maio 2025
© Julio Miranda

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