
A Matéria dos Sonhos
Um riso de giz no muro da cidade —
e as nuvens se desfazem em pinceladas,
o vento carrega tweets de pássaros digitais,
enquanto pontes de código
abraçam raízes que furam o asfalto.
Aqui, até o silêncio tem Wi-Fi:
ouvimos sinfonias de satélites,
vogais deslizando em nuvens de dados,
e o primeiro rabisco de uma criança
(um dragão com asas de hashtag)
torna-se lei universal na esquina do tempo.
Não há fronteira entre a íris e o pixel:
as folhas caem em .jpeg,
os rios são playlists de luz,
e cada desejo noturno
— por mais absurdo —
é um aplicativo aberto no céu,
rodando em constelações.
Sussurro-te então:
“Fecha os olhos e inventa um mundo
onde esta frase respire.”
Pronto —
agora teu fôlego é parte da Via Láctea,
teus dedos desenham latitudes,
e até o vazio entre duas estrelas
é um verso esperando tua voz.
P.S.: O universo cabe na palma da tua mão
só se a mão for feita de perguntas.
fevereiro 2025
©Júlio Miranda

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