
A Lógica Ilógica dos Abraços
Entre braços que se cruzam
como equações não resolvidas,
há uma geometria sem ângulos,
um cálculo de pétalas caídas.
A matemática do calor:
dois corpos somam-se em silêncio,
subtraem o vazio do tempo,
multiplicam o instante em centésimos.
Lógica? Talvez um paradoxo:
o abraço não pede permissão,
desata nós com fios soltos,
invade mapas sem razão.
É álgebra de ossos e pressão,
onde 1 + 1 não é 2,
é um corpo só, desmedido,
um rio que desagua no véu.
Abraçar é desordenar
a gramática do respirar —
um caos de ombros e segredos,
um idioma sem traduzir.
E quando os braços se desfazem,
fica a prova irracional:
o mundo cabe naquela falta
que a razão não soube explicar.
maio 2025
© Julio Miranda

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