
A Botânica dos Abraços
Entre caules de afeto e folhas de carinho,
Floresce a arte antiga de abraçar.
Como raízes que se entrelaçam no caminho,
Nossos braços sabem como se encontrar.
Há abraços que são como oliveiras,
Firmes, antigos, cheios de história.
Outros são como flores de amendoeiras,
Breves, intensos, dignos de memória.
Nas estufas do peito cultivamos
Sementes de ternura e compaixão.
No jardim dos gestos que trocamos,
Cresce a seiva pura da conexão.
Existem abraços de musgo e de hera,
Que se agarram à alma devagar.
E há aqueles, como a flor da primavera,
Que num instante fazem-nos despertar.
Estuda esta botânica sensível,
A ciência do que não se explica.
No herbário do que é invisível,
É o calor humano que classifica.
Um abraço é um bosque inteiro,
Um ecossistema de sentimento.
É tronco, é folha, é flor, é cheiro,
É abrigo contra o mau tempo. Que a flora dos braços entrelaçados
Preserve espécies em extinção:
Os abraços longos, demorados,
Que nutrem raízes do coração.
abril 2025
© Julio Miranda

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