Dança dos Ventos Loucos

Nos confins do horizonte onde arde o ocaso,
Erguem-se sombras — fantasmas errantes —
Moinhos febris, asas convulsas,
Rodopiando na vertigem do impossível.

Cada lâmina um grito, um açoite do tempo,
Uma fúria que desafia o silêncio da brisa,
Ergue-se, rasga o ar, tateia o mistério,
Bailando no limiar do sonho e da febre.

São giros de um êxtase alucinado,
Torvelinhos de glória e de perda,
Onde a quimera se faz centelha,
E a ilusão, oráculo dos audazes.

No fulgor incerto, o trovão da loucura,
Ecoa o brado dos corações insubmissos,
Que, prisioneiros da lógica, libertam-se,
E encontram na miragem o néctar da verdade.

E assim, entre ventos e véus desfeitos,
A mente torna-se arena de delírios sublimes,
Onde o real e o irreal se fundem em valsa etérea,
E o impossível canta como lâmina ao vento.

Que este canto seja um hino aos errantes,
Aos que giram nos turbilhões do destino,
E descobrem, no torvelinho dos gigantes insanos,
A essência da vida – furacão encantado.
no clarão efémero deste delírio.

fevereiro 2025
©Júlio Miranda

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